No meu aniversário de 18 anos, deixei a cidade onde morava e mudei-me para Brasília. A decisão não havia sido uma escolha, mas sim uma saída, a única que eu disponha na época e talvez fosse esse o motivo que me fazia detestar aniversário.
Eu não podia mais ficar ali, não depois de tudo que aconteceu. Não depois de ter as asas que me faziam voar, quebradas pelo que as pessoas chamavam de sistema.
Desde que havia chegado, tentava juntar os cacos que restaram de mim para colocar quem fez aquilo atrás das grades frias de uma prisão. Formei em computação e tornei-me, silenciosamente, uma hacker, mas não contava isso a ninguém, nem mesmo para Clara, minha melhor amiga.
Decidi também, que entraria para a polícia e que jamais seria parte do sistema. Não do tipo de sistema que eu estava acostumada a invadir, mas do que permitia que o dinheiro e poder agissem como borrachas capazes de apagar o sofrimento das pessoas.
Havia muita mágoa em meu coração e eu tinha medo de como ela poderia influenciar minha história, mas eu não era do tipo que admirava a inércia e esperar pelo destino estava fora de cogitação.
